«Dos princípios do séc. XIII temos a Noticia de torto e o Testamento de D.
Afonso II, de 27 de Junho de 1214, seguindo-se-lhe um longo hiato até aparecer
novo documento em português em 1255»
Pe Avelino de Jesus da Costa (1979).
Pe Avelino de Jesus da Costa (1979).
O
Testamento de D. Afonso II de Portugal e a sua datação são do conhecimento público através
do trabalho realizado pelo Padre Avelino de Jesus da Costa em 1979, intitulado Os mais
antigos documentos escritos em português. Revisão de um problema
histórico-linguístico, trabalho
ampliado da comunicação apresentada no «IVe
Congrès International de Diplomatique», realizado em Budapeste, em 1973, de acordo com Maria Helena da Cruz
Coelho.
Reportando-nos aos
documentos da Chancelaria de D. Afonso II de Portugal, Maria Helena da Cruz
Coelho, em 1991, sublinha que «Avelino de Jesus da Costa, no seu fundamentado estudo
sobre "Os mais antigos documentos
escritos em português. Revisão de um problema histórico-linguístico”, trabalho
que foi preparado no Centro de História da Sociedade e da Cultura da
Universidade de Coimbra, disserta largamente sobre os mais antigos documentos
não datados escritos na nossa língua, mostrando como se trata de cópias, a que atribui as
respectivas datas críticas, para vir a concluir que o mais vetusto original
datado, redigido em português, é precisamente o testamento do nosso monarca D.
Afonso II, de 27 de Junho de 1214. E para atingir esta definitiva asserção
conjugam-se conhecimentos de linguística, história e diplomática, que o autor
criteriosamente maneja para dilucidar a verdade dos factos.»
Afirma-nos
o Pe. Avelino de Jesus da Costa, no seu texto “Os mais antigos documentos escritos em português. Revisão de um problema
histórico-linguístico”, reportando-se
ao testamento, que «posto de lado o Auto de Partilhas de 1192 e o Testamento de
1193, o primeiro documento escrito em português e provido de data é o testamento
feito por D. Afonso II ‘en Coinbria IIII or dias por andar de Junio Era
M.a CC. A L a II.a’ , isto é, 27 de Junho de 1214.»
No âmbito das
fontes linguísticas da língua portuguesa, foi precursora na pesquisa
efectuada, em torno do Testamento de D. Afonso II, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, filóloga,
etnógrafa, historiadora, crítica
literária, escritora e lexicógrafa, que publicou em 1897, em alemão, a História
da Literatura Portuguesa. Seguiram-se-lhe,
na pesquisa, os linguistas portugueses Pedro de Azevedo e Leite de Vasconcelos. Lê-se às páginas 399 e
400 do manual de Textos Portugueses Medievais,
abaixo mencionado, o seguinte, citamos: «[O Testamento de D. Afonso II] foi
publicado, segundo um manuscrito do Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisboa), por Pedro de Azevedo, na
Revista Lusitana, VIII, 82-84 (1903-1905), precedido de elucidativa
introdução(pp.80-81), e por Leite de Vasconcelos, nas Lições de Philosofia portuguesa, Lisboa, 1911, pp. 70-75, com
proémio e extenso e riquíssimo comentário (pp.69-70, e 75-101), aqui
parcialmente aproveitado. O texto latino (datado de 1221) foi dado a lume por
Fr. Francisco Brandão, na Monarchia
Lusitana, IV, prt., fol. 269 v. a 270 v. (Lisboa, 1632) e por D. António
Caetano de Sousa, na História da
Genealogia da Casa Real Portuguesa, etc., Provas, I, 34-36 (Lisboa, 1739).
A datação do Testamento de
D. Afonso II foi noticiada, enquanto «o
primeiro documento escrito em português e provido de data», pelo Padre
Avelino da Costa, em 1979, num texto intitulado ”Os mais antigos documentos escritos em português. Revisão de um
problema histórico-linguístico”, trabalho ampliado de uma comunicação
apresentada ao “IV Congrès Internationale de Diplomatique”, realizado, em
Budapeste, em 1973. Afirmava, então o Padre Avelino da Costa que «posto de lado o Auto de Partilhas de 1192 e
o Testamento de 1193, o primeiro documento escrito em português e provido de
data é o testamento feito por D. Afonso II ‘en Coinbria IIII or dias por andar
de Junio Era M.a CC. A L a II.a’ , isto é, 27 de Junho de 1214.»
A partir de 1979, a datação do
Testamento passa a ser mais amplamente conhecida a nível internacional, através
da sua divulgação no congresso em epígrafe. Tanto Lindley Cintra, desde a
década de sessenta, como Ivo Castro, no seu Curso
de História da Língua Portuguesa (1991) clarificam que esses documentos não
teriam sido os únicos dessa primeira fase.
Esta informação faz parte da História
da Literatura Portuguesa, dos anais da linguística portuguesa, e, por
inerência, dos estudos linguísticos e literários nas universidades, bem como da
formação dos professores de português que a ensinam e disseminam nas escolas desde
sempre, sendo a título de exemplo o manual de Textos Portugueses Medievais, de Correia de Oliveira e
Saavedra Machado, 3º ciclo dos liceus, 3ª edição (1968) Coimbra Editora
Limitada, que no cap. II. da parte
dedicada Prosa, apresenta o Testamento de D. Afonso II, comentado
(pp.395-404). A datação rigorosa do Testamento de D. Afonso II de Portugal é
reiterada também, à posteriori, por
Ivo de Castro e Ana Maria Martins, entre outros linguistas e historiadores da
língua, sendo do conhecimento de todos os que que estudam História da Língua
nas universidades, constando dos manuais de História da Língua, História de
Portugal, História Diplomática, Diplomática, Paleografia, entre outras
disciplinas.
Em 2001, a
Biblioteca Nacional de Portugal organizou sob a direcção de Maria Helena Mira
Mateus, a Exposição Comemorativa do Ano
Europeu das Línguas, em que o Testamento
de D. Afonso II de Portugal foi um dos documentos em foco.
Em suma, a
descoberta do Testamento de D. Afonso II de Portugal, datado de 27 de junho de 1214, deu-se em 1973, é resulta de um trabalho efetuado por linguistas portugueses, acima referenciados, que data ao século XIX.
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